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PESQUISA CIENTÍFICA: O QUE É E COMO SE FAZ

A pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e executada segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência. Os trabalhos de graduação e de pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciência, ou dela derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento.

Alguns pesquisadores conceituam pesquisa da seguinte forma:

  1. Conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos (ANDRADE, 2003, p. 121);

  2. Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos (GIL, 1987, p. 19);

  3. Atividade voltada para a solução de problemas através do emprego de processos científicos (CERVO e BERVIAN, 1983, p. 50).

As pesquisas podem ser classificadas segundo diversos critérios, como por exemplo:

 Quanto à natureza: não se fundamenta nos métodos adotados, mas sim nas finalidades da pesquisa:  trabalho científico original: pesquisa realizada pela primeira vez, que venha a contribuir com novas conquistas e descobertas para a evolução do conhecimento científico;

 resumo de assunto: pesquisa que dispensa originalidade mas não o rigor científico. Fundamenta-se em trabalhos mais avançados, publicados por autoridades no assunto e que não se limita à simples cópia de idéias. A análise e interpretação dos fatos e idéias


, a utilização de metodologia adequada, bem como o enfoque do tema de um ponto de vista original são qualidades necessárias. É mais comum nos cursos de graduação.

 Quanto aos objetivos:  pesquisa exploratória: constitui o primeiro passo de todo trabalho científico. Visa, sobretudo quando é bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de um tema de trabalho, definir objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente;  pesquisa descritiva: os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles. Incluem-se aqui a maioria das pesquisas desenvolvidas nas Ciências Humanas e Sociais, as pesquisas de opinião, as mercadológicas, os levantamentos socioeconômicos e psicossociais;  pesquisa explicativa: mais complexa pois, além de registrar, analisar e interpretar os fenômenos estudados, procura identificar seus fatores determinantes, ou seja, suas causas. A maioria destas pesquisas utiliza o método experimental, o qual é caracterizado pela manipulação e controle das variáveis, com o objetivo de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente ou do fenômeno em estudo.

 Quanto ao objeto: referente principalmente ao ambiente onde são realizadas as pesquisas:  bibliográfica: pode ser um trabalho independente ou uma etapa inicial de uma pesquisa;  de laboratório: o pesquisador tem condições de provocar, produzir e reproduzir fenômenos, em condições de controle. Não é sinônimo de pesquisa experimental; nas Ciências Humanas e Sociais também se faz este tipo de pesquisa;  de campo: não tem como objetivo produzir ou reproduzir os fenômenos estudados. A coleta de dados é efetuada em campo, onde ocorrem espontaneamente os fenômenos. É desenvolvida principalmente nas Ciências Sociais (Sociologia, Psicologia, Política, Economia, Antropologia).

 Quanto aos procedimentos técnicos:  pesquisa bibliográfica: é aquela que utiliza material escrito / gravado, mecânica ou eletronicamente. São consideradas fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente ou de referência, tais como dicionários, enciclopédias, anuários etc.), as publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos etc.), fitas gravadas de áudio e vídeo, páginas de web sites, relatórios de simpósios / seminários, anais de congressos etc.;

 pesquisa documental: utiliza fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação, como tabelas estatísticas, relatórios de empresas, documentos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos, fotografias, epitáfios, obras originais de qualquer natureza, correspondência pessoal ou comercial etc.;

 pesquisa experimental: quando um fato ou fenômeno da realidade é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou que por ele são produzidos. São geralmente feitos por amostragem, onde se considera que os resultados válidos para uma amostra (ou conjunto de amostras) serão, por indução, válidos também para o universo;

 pesquisa ex post facto: significa literalmente “a partir de depois do fato”. Trata-se de uma pesquisa experimental onde, após o fato ou fenômeno ter ocorrido, tenta-se explicá-lo ou entendê-lo;

 levantamento (pesquisa de opinião, de motivação etc.): é aquela que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter, utilizando questionários, formulários ou entrevistas. Os dados são tabulados e analisados estatisticamente;

 estudo de caso: quando se deseja estudar com profundidade os diversos aspectos característicos de um determinado objeto de pesquisa restrito;

 pesquisa-ação: quando os pesquisadores e os participantes envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado;

 pesquisa (observação) participante: ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para se obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos.

Antes de se iniciar uma pesquisa científica é necessário refletir sobre a mesma. Assim como para construir um edifício é necessário antes de fazer a planta, imaginar o tamanho, o número de andares etc. e então planejar e construir os alicerces, de acordo com o tipo de edificação, é imprescindível que antes da pesquisa se elabore um plano, se imagine a abordagem, os tópicos que serão focalizados, como se pretende conduzir o trabalho etc. Assim, o trabalho de pesquisa é desenvolvido por etapas, que se constituem num método, num caminho facilitador do processo, buscando mapear o caminho, evitar muitos imprevistos e esclarecer os rumos para o próprio pesquisador.

Recomenda-se que a pesquisa siga o seguinte encadenamento:

  1. planejamento da pesquisa: pré-projeto e projeto;
  2. execução: coleta de dados, análise e redação;
  3. apresentação gráfica: digitação.

PRÉ-PROJETO

PRÉ-PROJETO: denominada por alguns autores de fase exploratória do projeto de pesquisa, é a primeira atividade de planejamento, constituindo-se, sem dúvida, num dos momentos mais importantes. Pode ser dividida em cinco passos básicos:

 escolha do tema: podem ser utilizados alguns critérios para ajudar na escolha do tema, como originalidade (mesmo que o trabalho não seja original deve apresentar alguma novidade, novo enfoque, novos argumentos ou pontos de vista), relevância (importância ou utilidade), viabilidade (econômica e de tempo), preparo técnico e existência de fontes;

 revisão de literatura: embora ao se escolher um dado tema já seja conhecido algo sobre o mesmo, a releitura exploratória tem o mérito de aumentar a extensão e a profundidade dos conhecimentos conhecidos, ajudando a distinguir o secundário do essencial e facilitando a delimitação do conteúdo dos temas a investigar;

 problematização: transformação de uma necessidade humana em problema. O pesquisador deve ter idéia clara do problema que pretende resolver, da dúvida a ser superada, caso contrário sua pesquisa correrá o risco da prolixidade, da falta de direção, da ausência de algo para se resolver. Se o problema é estabelecido de forma clara, ele desencadeará a formulação da hipótese geral, que será comprovada no desenvolvimento do texto. Ao optar por uma solução que deseja demonstrar (ou seja, a hipótese, nascida do problema apontado), tem-se uma tese;

 seleção /delimitação do assunto: deve-se escolher o “pedaço” do problema que se quer ou se precisa estudar para estudá-lo em profundidade. Mesmo que todos os aspectos sejam considerados importantes, devem ser tratados um por vez e, ao escolher um deles, abandonam-se ou outros. É uma imposição do método;

 construção da(s) hipótese (s): é uma solução provisória que se propõe para o problema formulado. Sendo uma suposição que carece de confirmação, pode ser formulada tanto na forma afirmativa quanto na interrogativa. Não há uma norma ou regra fixa para a formulação de hipóteses, mas deve ser baseada no conhecimento do assunto e na literatura específica que foi levantada: lança-se uma afirmação a respeito do desconhecido com base no que se construiu e publicou sobre o tema. A formulação clara das hipóteses orienta o desenvolvimento da pesquisa. As hipóteses devem ser razoáveis e verificáveis. Em pesquisas exploratórias e descritivas não há necessidade de apresentar as hipóteses.

Fonte